domingo, 2 de julho de 2006

O Zé e a feijoada

O Zé e a feijoada

Zé adorava feijoada. Porém, sempre que comia, o feijão causava-lhe

uma reacção fortemente embaraçosa. Algo muito forte. Um dia

apaixonou-se.

Quando chegou a altura de pedir a mulher em casamento, pensou:

- Ela é de boas famílias, cheia de etiqueta, não vai aguentar estar

casada comigo se eu continuar a comer feijão. Decidiu fazer um

sacrifício supremo e deixou-se de feijoadas.

Pouco depois estavam casados. Passados alguns meses, ao voltar do

trabalho o carro avariou. Como estava longe, ligou para a mulher e

avisou que ia chegar tarde pois tinha que regressar a pé. No

caminho, passou por um pequeno restaurante e foi atingido pelo

irresistível aroma de feijoada acabadinha de fazer. Como faltavam

vários quilómetros para chegar, achou que a caminhada o iria livrar

dos efeitos nefastos do feijão.

Então entrou, pediu, e ao sair tinha três doses de feijoada no

estômago.

O feijão fermentou e durante todo o caminho, foi-se peidando sem

parar.

Foi para casa a jacto. Peidava-se tanto que tinha que travar nas

descidas e nas subidas quase não fazia esforço para andar. Quando

se cruzava com pessoas continha-se ou aproveitava a oportuna

passagem dum ruidoso camião para soltar gás. Quando chegou a casa,

já se sentia mais seguro.

A mulher parecia contente quando lhe abriu a porta e exclamou:

"Querido, tenho uma surpresa para o jantar!". Tirou-lhe o casaco,

pôs-lhe uma venda nos olhos, levou-o até à cadeira na cabeceira da

mesa, sentou-o e pediu-lhe que não espreitasse.

Nesse momento, já sentia mais uma ventosidade anal à porta! No

momento em que a mulher ia retirar a venda, o telefone tocou. Ela

obrigou-o a prometer que não espreitava e foi atender o telefone.

Enquanto ela estava longe, ele aproveitou e levantou uma perna e

-ppuueett - soltou um! Era um peido comum.

Para além de sonoro, também fedeu como um ovo podre! Aliviado,

inspirou

profundamente, parou um pouco, sentiu o fedor através da venda, e,

a plenos pulmões, soprou várias vezes a toda a volta para dispersar

o gás.

Quando começou a sentir-se melhor, começou outro a fermentar! Este

parecia

potente. Levantou a perna, tentou em vão sincronizar uma sonora

tossidela

para encobrir, e pprrraaaaaaaa! Sai um rasgador tossido. Parecia a

ignição de um motor de camião e com um cheiro mil vezes pior que o

anterior!



Para não sufocar com o cheiro a enxofre, abanou o ar sacudindo os

braços e soprando em volta ao mesmo tempo, esperando que o cheiro se

dissipasse.

Quando a atmosfera estava a voltar ao normal, eis que vem lá outro.

Levantou a outra perna e deixou sair o torpedo! Este foi o campeão:

as janelas tremeram, os pratos saltaram na mesa, a cadeira saltou e

num minuto as flores da sala estavam todas murchas.

Quase lhe saltavam os sapatos dos pés. Enquanto ouvia a conversa da

mulher ao telefone no corredor, sempre fiel à sua promessa de não

espreitar, continuou assim por mais uns minutos, a peidar-se e a

tossir, levantando ora uma perna ora a outra, a soprar à volta, a

sacudir as mãos e a abanar o guardanapo. Uma sequência interminável

de bufas, torpedos, rasgadores e peidos comuns, nas versões secas e

com molho. De onde a onde acendia o isqueiro e desenhava com a

chama círculos no ar para tentar incinerar o nefasto metano que

teimava em acumular-se na atmosfera. Ouviu a mulher a despedir-se e

sempre com a venda posta, levantou-se apressadamente, e com uma mão

deu umas palmadas na almofada da cadeira para soltar o gás

acumulado, enquanto abanava a outra mão para espalhar.

Quando sacudia e batia palmadinhas nas calcas largas para se

libertar dos últimos resíduos, ouviu o plim do telefone a desligar,

indicando o fim da solidão e liberdade de expressão. Alarmado,

sentou-se rapidamente, e num frenesim abanou apressadamente mais

algumas vezes o guardanapo, dobrou-o, pousou-o na mesa, compôs-se,

alinhou o cabelo, respirou profundamente, pousou as mãos ao lado do

prato e assumiu um ar sorridente.

Era a imagem da inocência quando a mulher entrou na sala.

Desculpando-se pela demora, ela perguntou- lhe se tinha olhado para

a mesa. Depois de ele jurar que não, ela retira-lhe a venda, e,

Surpresaaaa!

Estavam 12 pessoas perplexas e lívidas sentadas à mesa:

Os pais, os sogros, o patrão e os colegas de tantos anos de

trabalho.

Era a "festa surpresa de aniversário do Zé!!!!!!!!!"

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